Saturday, August 01, 2015

Eu? Talvez.

                                                                   


Depois de poemas, talvez um texto
Mais pra um meio termo
Já que para tantos, para existir um poema
É preciso ter rima
Algo que nunca foi de meus maiores dons

Hoje me sinto diferente
Talvez por estar mais velho
Ou é apenas mais uma noite sem dormir
Medo do amanhã?
A cada momento, sempre

É não poder chamar amor à quem se ama
Não saber ser carinhoso com o próprio sangue
Se sentir livre sozinho
E mear no meio disso tudo
Solidão e o querer

Não sou nenhum gênio
Não sou tão bonito como os outros
Além de ser bastante normal
Deixei o tanque para os atletas
Mesmo esses sendo apenas de meros espelhos sujos

Uma passagem em mãos
Sem dinheiro até pra comprar o pão
Eis aí excelente paradoxo
Do que é ser Eu
Louco e às vezes não

Penso em tanta coisa
E acabo me deprimindo
E mais ainda reprimindo
Meu nada "insensato coração"
Bizarro, é um termo melhor

De quem não espera no momento nada
Quem sabe o pior
Melhor? Mais fácil um entremeio
Entre o nada e coisa média
Sou sincero, não há como negar

Que no meio de tanta confusão
Houve tempo de escrever
Rir, gozar e beber
Já que os cigarros acabaram
E o mago está falido

O futuro
Dos outros posso ver
Já do meu, apenas suposições
Do que parece acontecer
Mas que nunca aqui chegou

Bem, por hoje acabou
Só quis um desabafo
Na minha página pouco lida
Meu diário, meu amigo
Paganismo, minha vida.


                                                        Jp Di Carlo

Wednesday, March 12, 2014



Posso sentir
O ar ao redor de minha cabeça cheia
Ele quer entrar
Eu, querendo um dia sair
Disso tudo que se pretende consumir

Estática em tudo está
Do meu dormir e despertar
Nem há janelas em que eu possa ver
Futuro, presente ou sol
E lá se foi outra manhã

Onde estaria minha flor
Que deixei despedaçada num livro
Corroída pelo tempo está
Perdida, sem querer se encontrar
Com o que poderia lhe fazer voltar

Quem sabe até, ressurgir
De outro ponto, numa outra face
E cá estamos aqui
Num lugar sem saídas 
E de chegadas inexistentes

Não é palpável
Nem sei dizer
O que disso tudo eu poderia fazer
Queimar folhas num quintal inexistente
Abrir o ralo da pia

Deixar tudo escorrer
Caso eu soubesse que tudo fosse
Senão peso de inércia
Pairando dentro de mim
A flor que ressecou

Do jardim que se foi há tempos
um adágio em naufrágio
Na bacia do tempo ido
Um não sei, um nada ver
Ser humano descabido.


Jp Di Carlo

Saturday, March 08, 2014



Tenho sequelas 
Pareço pensar em tantas coisas
E da minha mente, que mente
Vazio se preenche
De cada vez mais mazelas 

Consegui há pouco, acima
Rimar só um pouquinho
Pois das minhas pás de pensamento
Ainda sei cavar um tanto
Pra quem sabe, causar espanto

Quem sabe até, a mim
Que de vez em quando
Ainda sente dentro um pranto
De poeta a vaguear
Num misto de sonhar e embebedar

Naquela esquina de antigamente
Em que lá estava eu
Louco de mim só
Dos tempos de pó
E criatura inconsequente

Lá vem outro pedaço
Que ouviu algo por ali
Algumas coisas acolá
A majestade, o Sabiá
E o pensar de agora, deu cansaço

Já vai raiar o dia
Mais um sábado pra se ler
Ou quem sabe se entreter
Com um filme ou quem sabe
Uma grande p*taria


Jp Di Carlo

Saturday, February 15, 2014

Ontem, dois anos, talvez três décadas
Dos mais longínquos lugares e olhares
Pontos de vista, pontos sem nós
Algumas vezes do mais simples gesto
E até da mais porca das brigas

Raramente ficamos a realmente pensar
Em consequências, meios, finais
Pois dizem que quando é verdadeira
A dita amizade vai além de todos os tropeços
E fico a crer que sim

Já que de louco, tenho tudo e mais outros poucos
Bebo, brinco e surto
Saio de mim e me deixo correr solto por aí
Sim, meus diamantes são dos mais verdadeiros
Das meninas insanas às sérias

Das bichas loucas e machões
Na minha bolsa tem de tudo
Dos que troquei socos na infância
Aos que cedo partiram deste plano
Como minha doce menina heroína

Que há tão pouco tempo foi voar mais alto 
Pra ver a nós, os bobos, lá de cima
E virou mais um anjo a olhar por nós
Também citando, minha velha e querida mãe
A quem todo dia salvo minhas preces e mais tenras lembranças

Estas se foram, de perto
Mas sempre estarão aqui
Pois tudo aqui é um eterno ciclo
Ora elas voltarão, ora iremos nós
Como as folhas que caem e as novas que virão

Mas, lembremos também dos que assim como eu, ficaram
Como minhas queridas amigas de décadas, minhas eternas garotas
Dos tempos das festinhas e o começo das coisas
A primeira vez, a primeira embriaguez
Das broncas homéricas já levadas ao chegar tarde em casa

Aos meus meninos lindos e afoitos
Aqueles que começaram a ver o trajeto da vida um dia desses
Até os que como eu, estão meio cansados 
Do querido tocador, ao meu "maninho" antagonista"
Estão todos, sem estar

Do fumo ao pó
Seguimos em frente
Caros diamantes, parceiros errantes
Mais uma errata, vamos a cantata
Um passinho pra frente, três e meio pra trás

Na ciranda do menino louco
Que os ama do jeito tosco 
Que aprendi do jeito errado de sempre
Dois pra lá, uns quinze pra cá
Laiá, laiá.



   Jp Di Carlo

Wednesday, January 23, 2013

Nesse quarto abafado, eu fico
Horas e mais horas, como se fosse um caixão
E de minha vida, esqueço
Toda hora sinto vontade de morrer
As palavras se vão

Sentimentos que não tinha há tempos parecem querer voltar
E assim vou me mantendo dia após dia
Estou cego, pois de nada do resto do mundo sei
Além do jornal e da novela
E assim me torno um novo idiota

Cercado do conforto que nada me trás
Senão aqueles aborrecimentos de sempre
E aonde está o meu garoto
Com aquele jeito calado
E olhos que não me procuram quase nunca?

Foi por aí, ser de alguém
Pois na verdade eu sou assim
Divertido, porém bastante cansativo
Um oceano de absoluto caos
Escondido no meio de um sorriso pacífico

Quando o vi da primeira vez
Eu tive que desviar o olhar pra longe
Era tão doce, o quis desde já
Sua timidez se juntou à minha
E lá fomos nós

O disputei com o carinha persistente
Que do teu lado nunca saía
Assumo, perdi a paciência
Cheguei a largar tudo naquela noite escura e perdida
E te deixar lá, sendo dele

Mas eu não poderia nunca
Pois já tinhas me cativado
Então, dei um tiro na cabeça
E em frente segui
Pois nunca mais iria dormir

Se não conseguisse aquele beijo
O qual eu não resisti de forma alguma
E ainda fiquei horas a divagar
Em como vivi sem ele
Tolices, talvez

Uma forma louca de ser
Os dois errantes sempre errados
Em caminhos escuros em fé
Nos iluminamos com isqueiros
E noite adentro seguimos

E no outro dia não dissemos nada de mais
Se foi crime ou não, tanto faz
E eu faria novamente, sem pestanejar
Pois nas tuas lágrimas, eu sinto minha alma
E o que sinto, é que precisas

Sem cobranças, sem apelos
Apenas sendo nós mesmos, os bêbados
De todas aquelas tardes chuvosas
Em que em teu silencio adormecido eu observava
Como um psicopata via seu alvo

Cada um desses dias em mim está
E a isso, meus sentimentos estão também
Estou tão só, você não vê
Mas sente, que me me importo contigo
Numa chuva que cai, numa tigela de açaí

Nossas conversas infindas
Que quase sempre são monólogos meus, claro
Mas pouco importa, pois te tenho em mim
No abraço, nos beijos e seu eterno sorriso
Te desejo paz

E o que mais a vida possa dar de bom
Que corras vitorioso sempre, ser amado
A cada dia que passe, com ou sem ti ao meu lado
Desejo sorte
Desejo amor.


                                                   Jp Di Carlo

Tuesday, January 22, 2013

Lá fora
 No meio da noite
 Eu fico a pensar
 Rolo de um lado ao outro, inquieto
 Até que fecho os olhos
 E lá vejo a ti, meu grande amado
 Perdido em teus sonhos
 Enquanto assisto qualquer coisa na televisão
 Teus sonhos, que coisa
 De tua bela e louca mente que não quero decifrar
 Pois tu em si já és sonho meu
 De tempos atrás e horas a fio
 Meus dedos que o digam, já rotos de tanto digitar
 Nem um terço do que quis te mostrar
 Nesses poucos dias que o destino nos deu
 Um encontro furtivo, poucas noites a dois
 Com direito a empecilhos e tudo
 Quem diria, eu, pobre ser
 Ter que ficar a disputar tão nobre dos amores
 Sonhos insones que tive, devaneios de nem sempre
 O que acontece quando duas substancias se encontram?
 Uma, duas, três, longas noites a divagar
 Sobre quem eras tu e o quê sou eu
 Pouco importa, aconteceu
 E cá estamos nós
 Os dias se foram e cada um ao seu mundo voltou
 Distantes, separados, nossos corpos não dormem mais juntos
 Já nossas mentes e afeto, ao limbo voltaram
 Lá se amam loucamente e passam horas a bailar
 Unidos pelo sempre, o que o homem não desune
 Aonde lá, amado meu, irei te encontrar
 A cada vez que o sono chegue, ouvirei a tua voz
 Me chamando pra um canto, onde só nós sabemos o lugar
 Seja num quarto quieto, ou mesmo num colchão inflável
 Sim, nós estaremos lá
 Meu grande amor de ontem e hoje
 Sem pudores ou vergonhas
Apenas nós, os bêbados vagantes
Dessa vida que nos uniu
E ainda tenta nos separar
O que de pouco adianta
Já que o que o instinto uniu, nem razão ou distancia desune
Simples, assim.

                                        Com amor e outras coisas.
                             Jp Di Carlo Para Roberto de Deus Junior.

Tuesday, October 04, 2011


Dias de cão
E felicidade alguma pairou por aqui
Nem mesmo num copo de vodka
Ou num tiro que entrou pelas narinas

Desde um dia desses
Eu precisei dizer adeus
Gostaria muito de ter amado um pouco mais
E então apenas fui-me

Como sempre sem nada dizer
Hesitando em meus próprios passos
Foi tarde demais até para olhar pra frente
E o que me restou foi continuar sem pensar

Pois minha vida sempre embaralhou
No começo, meio e fim
Como no meu baralho de leituras
Que fico a ler pra quem me pede

De um futuro que me assusta
A cada hora que passa
Nessa vida que sempre relfete
Através de um espelho sujo, esquecido no porão

Junto das tuas sombras
Que nunca fui capaz de enxergar
Por miopia, talvez
Ou por excesso de álcool no organismo


Vai ver foi assim sempre
As coisas que nunca percebi
Como uma criança boba, com seus brinquedos
Uma roda gigante de mentiras e ilusões

E eu me despedaço como a flor esquecida no livro
Morosamente, para assim doer mais
Lembranças eternas de brincadeiras etéreas
Simplicidade, pureza, pesar

Dos dias claros e suas noites tão azuis
Minhas lágrimas ainda cairão mais
Seja de alegria, seja de incerteza
Pois são coisas que sentirei, com certeza

Na minha ciranda sem namorados
Sem rimas, anéis
Canções de amor que esqueci
E vou dar a meia volta, volta e meia hei de dar.



Jp Di Carlo